Os pais também importam!

Não tenho Leite: ainda na Maternidade

“O meu bebé está a ser alimentado?”

É fácil concordar que a ideia deste título é uma preocupação real para os pais. Ainda mais quando o regime alimentar é o aleitamento materno exclusivo.

Como ainda não foi inventado um leitómetro“, não há como saber que quantidade de leite é produzida e oferecida ao bebé. E caso alguém se esteja a questionar: não, as bombas de extração de leite não servem para esse propósito.

É uma preocupação normal e fundamentada. Todos os pais em algum momento a terão.

O que fazer?

A meu ver, a solução passa por saber o que é suposto acontecer em cada fase e confiar na natureza. Afinal de contas, ela farta-se de conceber vidas proporcionando o que é necessário para a sua sobrevivência. Não me lembro de ouvir dizer que alguém fez força e, bum!, fez-se colostro!

E como a natureza nem aos gémeos verdadeiros confere total igualdade, o mesmo acontece com a amamentação. Quero com isto dizer que a amamentação é um processo recheado de momentos diferentes: uns perfeitos, outros desafiadores, e muitos deles, estranhamente, têm um pouco dos dois.

Ainda na Maternidade

“O meu bebé dorme tanto, mama tão pouco, o meu leite não deve ter qualidade”

“Pede tantas vezes a mama, o meu leite não sacia”

Pensamentos como estes tendem a assombrar ainda na maternidade.

 

Mas porquê que a mãe teme a falta de leite ou duvida da sua qualidade tão precocemente?

Tenho para mim que, muitas vezes, está relacionado com o desconhecimento sobre o comportamento normal do recém-nascido e com o desconhecimento da sua própria fisiologia.

Nascer Cansa!

Bebés sem nenhum problema de saúde subjacente, filhos de mães saudáveis, nascem bem nutridos e com reservas.

Logo após o nascimento, existe uma predisposição natural para o bebé procurar a mama e dar a início  a amamentação. Mas depois deste grande esforço, acrescentado ao trabalho de nascer, o bebé tende a ter períodos de sono extensos, com poucas idas à mama. É um comportamento natural e esperado. Ou pode acontecer que, num curto espaço de tempo, mame muitas vezes e logo se ponha a dormir por longos períodos. No segundo dia, provavelmente o comportamento será semelhante.

Outro aspeto que tende a incomodar é o medo de que os níveis de açúcar do bebé desçam perigosamente. A temida hipoglicemia. Mais uma vez, tratando-se de um bebé saudável, esse perigo é mínimo porque o pequeno fará uso das suas reservas.

Medos, mito, ação!

Motivados por estes medos e crendo no mito de que o bebé deverá ser alimentado de 3 em 3 horas, pais e profissionais acreditam que acordar o bebé para mamar permitirá prevenir que este definhe de fome. Mas, para o sucesso da amamentação, é preciso que o bebé faça uso dos seus reflexos.

Já alguém experimentou comer morto de sono?

Correu bem? Provavelmente, não.

Para os bebés é o mesmo. Mamar com sono é algo que provavelmente terá insucesso. E o que é que acontece quando o bebé não mama? A mãe entra em parafuso porque “não tem leite suficiente”. E lá vem a primeira crise de “falta de leite” de mão dada com o suplemento.

“Mãe, agora é que é! Quero leite a sério”

Provavelmente, notará que na segunda noite o bebé quererá ir muitas vezes à mama. E por mais tentador que seja pensar que o leite é insuficiente e que o bebé está faminto, habitualmente essa não é a explicação para este comportamento. O que a acontece é que o bebé está a informar o corpo da mãe que está pronto para se alimentar. Em resposta, a mãe providenciará a subida de leite. A produção é posta ao máximo e em breve o colostro dará lugar ao leite de transição.

Sem medo de voltar à pré historia

Então, sem relógio para marcar as horas das mamadas, sem “leitómetro” para medir a quantidade de leite, como garantir que tem leite, e que o bebé está a ser alimentado?!

Simples, é só ir buscar inspiração dos nossos antepassados.

Mãe e bebé: uma vez juntos, sempre juntos

Foi assim desde o primeiro momento de vida, vai ser assim durante mais uns meses até o bebé estar pronto para ver o que o mundo tem para oferecer.

Contacto pele a pele

À semelhança do período de gestação, o corpo da mãe vai continuar a regular o corpo do bebé.  Assim, ele gasta menos energia para se estabilizar, e mais energia para se desenvolver já que é a sua tarefa vital.

A proximidade constante vai permitir que a mãe vai descubra a expert que há em si. As mães são bosses no que diz respeito aos seus bebés. Ninguém conhece o bebé tão bem quanto a sua mãe.

Mama ao dispor!

E sempre que a mãe sinta a necessidade e se sinta confortável. Nunca esquecer, isto da amamentação é um trabalho de equipa.

O bebé ainda não está, digamos, “civilizado”. Não faz ideia das horas que a sociedade estabeleceu para o pequeno almoço, para o lanche ou para seja o que for. Apenas sente fome, procura a mama, alimenta-se e está feito!

Mães bosses, pedem ajuda também

Na minha forma de ver as coisas, pedir ajuda quando se sente essa necessidade é um ato de inteligência e coragem, duas características das mães bosses. Como referi, ninguém conhece melhor o bebé do que a sua mãe. E quando a mãe sente que é preciso algum tipo de apoio é porque é uma realidade incontestável!

 

Aqui existe material suficiente para tentar entender o bebé e o funcionamento do corpo da mãe, antes de arrancar os cabelos durante aquela que será uma das primeiras crises de “falta de leite”. 

O que acham?

Cusquei este livro para o artigo:

  • Pincho, C.(2018). Amamentar, a escolha natural para o seu bebé. Lisboa: Livros Horizonte

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